A onda de moções de censura apresentadas contra o PP em Murcia pelo PSOE e Cs chegou na forma de um grande terremoto político em Madri. A presidente regional, a popular Isabel Díaz Ayuso, demitiu os seis vereadores de Cs de seu Governo nesta quarta-feira (10), ordenou a dissolução da Assembleia e convocou eleições para 4 de maio com o objetivo de conter a ameaça que os representantes madrilenhos da formação laranja replicaram a estratégia de Murcia para expulsá-la do poder. Paralelamente, a oposição abriu uma frente jurídica para evitar passar nas urnas: considerando que a ordem de Ayuso não entra em vigor até ser publicada no boletim regional desta quinta-feira (11), o PSOE e a Más Madrid registraram duas moções de censura que paralisaria as eleições e que foram admitidas pelo órgão que dirige a Câmara regional.
“A instabilidade causada pelo PSOE e Cs em Murcia, e por muito tempo em outras autonomias e outras câmaras municipais em Madri, nos levou a esta situação. Em suma, não posso permitir que Madri perca a sua liberdade”, disse Díaz Ayuso numa breve passagem pela Puerta del Sol onde não respondeu a perguntas da imprensa. O líder do PP acusou o Cs de estar em negociações com o PSOE para destituí-la do poder, justificando assim a convocação eleitoral. Essa afirmação, no entanto, foi imediatamente desmentida por quem até esta quarta-feira era seu parceiro de governo.
O até agora porta-voz do Governo e vice-presidente, Ignacio Aguado, garantiu que os vereadores do Ciudadanos tentaram por todos os meios convencer o presidente de que as eleições não podem ser convocadas em meio a uma pandemia. “É imprudente”, disse Aguado após uma intensa reunião do Conselho de Administração, para a qual todos os dirigentes de Madri entraram com os rostos contorcidos e seus telefones celulares nas mãos, enquanto aguardam os acontecimentos em Murcia.
Esse terremoto político precipitou tanto o avanço eleitoral em Madri, quanto lançou dúvidas sobre sua validade.