Há pouco tempo, uma pesquisa do Banco da Espanha mostrou que a riqueza líquida mediana dos menores de 35 anos caiu drasticamente na Espanha em comparação com as gerações anteriores. A explicação para esse fenômeno é a dificuldade de acesso a uma casa, o que leva esses jovens a entrar em uma espécie de laço sem fim: pagar aluguel que os impede de economizar para comprar um imóvel próprio.
Um trabalho publicado pelo Banco Central Europeu confirma esta dinâmica e destaca que embora as condições financeiras tenham melhorado, as gerações mais jovens têm menos probabilidade de viver em casa própria do que as gerações anteriores. O trabalho mostra também que famílias de baixa renda têm ainda mais dificuldade para comprar uma casa e, como resultado, acumulam menos riqueza.
Embora seja verdade que a maior parte do estudo é feito com dados dos EUA, o autor esclarece que tendências semelhantes foram documentadas em países europeus como o Reino Unido, Espanha e Itália, onde a idade média de emancipação dos pais é de cerca de 30 anos. A percentagem de jovens com casa própria diminuiu progressivamente ao longo do tempo.
Existem algumas tendências que explicam este fenômeno que está tirando uma parte cada vez maior das novas gerações do mercado imobiliário. Uma delas está relacionada à maior precarização do mercado de trabalho para a população: empregos instáveis, temporários, parcialidade (trabalhar menos horas do que o desejado) ou baixos salários. Tudo isso pode estar intimamente relacionado ao recuo da indústria em favor do setor de serviços, onde os empregos tendem a ser mais precários, dada a baixa produtividade de grande parte deste setor, e muitas vezes também mais sazonal (turismo, hotelaria …). Pessoas com rendas relativamente baixas têm mais dificuldade de acesso a uma casa em comparação com as mesmas pessoas (na mesma posição na distribuição de renda) há 40 anos.