Há um projeto de acordo comercial entre a União Europeia (UE) e Mercosul em andamento há vinte anos e, com a chegada da crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus, Espanha e Brasil se juntaram para finalmente avançar as negociações e assinar em breve.
O vice-ministro da Economia e Comércio Exterior do Brasil, Roberto Fendt, destacou que a crise desencadeada pela pandemia torna o acordo UE-Mercosul ainda mais estratégico e necessário, como instrumento de mútuo desenvolvimento econômico. “Neste momento, é ainda mais importante favorecer o fluxo de bens e serviços contra posições protecionistas”.
Fendt assegurou que o seu Governo está trabalhando para poupar os últimos obstáculos nas negociações entre o Mercosul e a UE e insistiu que é necessário acelerar a entrada em vigor do acordo: “O comércio internacional tem-se revelado um dos instrumentos mais eficazes geração de prosperidade.
A Espanha tem grande interesse neste grande acordo, devido à forte presença de interesses econômicos espanhóis no Brasil. Ele destacou que vivem mais de 300 mulheres espanholas, com investimentos de 48 bilhões de euros no território brasileiro.
As autoridades afirmam que um acordo entre o Mercosul e a UE ajudaria a ultrapassar a crise desencadeada pela Covid-19 e que este pacto pode constituir um valioso instrumento para relançar as economias dos dois lados do Atlântico, com investimentos, relações comerciais, políticas e econômicas.
Um dos obstáculos a ser superado para a conclusão do acordo seria o cumprimento dos critérios ambientais, de sustentabilidade e proteção dos povos indígenas, que os parceiros europeus marcam como uma condição e que envolvem principalmente o Brasil. Nos acordos comerciais existem interesses ofensivos e defensivos e esse movimentaria cerca de 80.000 milhões de euros por ano.
O Brasil é a grande locomotiva do mercado ibero-americano, sendo o quinto maior país do mundo e a segunda maior economia de todo o continente americano (atrás apenas dos Estados Unidos). Um investimento da UE, terceiro maior exportador mundial de produtos agrícolas, com a segunda maior reserva de petróleo da América do Sul (atrás apenas da Venezuela) daria bons frutos.
O diretor de Estratégia e Assuntos Corporativos da Telefônica, Eduardo Navarro, apoia as oportunidades econômicas do Brasil. “A história da Telefônica, e principalmente dos últimos 20 anos, não se compreende sem a sua presença na América Latina e, em particular, no Brasil”, declarou. A multinacional espanhola investiu mais de 30.000 milhões de euros no mercado brasileiro nos últimos 20 anos e tem como clientes 100.000 brasileiros, metade dos habitantes daquele país.
“Não há outra empresa em nenhum outro setor que tenha investido tanto no Brasil”, disse. E, a partir dessa experiência privilegiada da Telefônica, Eduardo Navarro apoia a conclusão do acordo UE-Mercosul. “Não temos dúvidas de que qualquer estrutura que permita uma colaboração mais intensa entre os dois lados servirá muito bem para ambos os lados”. Após 20 anos de negociações, este gerente sênior da Telefônica encorajou as partes a concentrarem seus esforços na busca de motivos para encerrar os itens pendentes do acordo.