O Governo Espanhol divulgou recentemente as mais de 2.000 páginas que constituem o abrangente documento do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência enviado pela Comissão Europeia, revelando o segredo mais bem guardado do pacote de 110 investimentos e 102 reformas que o compõem: o calendário de marcos que se compromete a cumprir para ter acesso aos desembolsos semestrais dos 140.000 milhões em subvenções e créditos bonificados que pretende receber dos cofres comunitários até 2026. A pequena impressão do documento revela que o Executivo vai adiar os grandes aumentos de impostos de sua reforma tributária até o início de 2023.
Calendário que a Vice-Presidente do Governo e Ministra da Economia, Nadia Calviño justificou, ao apresentar o documento à imprensa, afirmando que “neste momento a prioridade é promover o crescimento econômico e a criação de empregos”. O Executivo defende que só depois de consolidada a recuperação da crise da Covid-19, o sistema tributário poderá começar a ser reforçado com uma revisão que, segundo o texto enviado a Bruxelas, deverá conseguir “aproximar os níveis de tributação da Espanha da média de os países vizinhos, garantindo assim a sustentabilidade do Estado-Providência a médio prazo”, bem como o reequilíbrio das contas públicas falidas.
Questionado sobre o possível cálculo eleitoral do Governo, Calviño afirmou que o plano é “ambicioso” e não adia a reforma tributária senão a recuperação, uma vez que ela será realizada, junto com as demais reformas, nos primeiros três anos dos seis anos do plano de ajuda.
A partir daí, o Tesouro traçou três grandes blocos de ação. A principal delas é o desenvolvimento de uma reforma tributária abrangente, cujo desenho foi encomendado por um grupo de especialistas acadêmicos para entregar um livro branco de propostas em fevereiro de 2022.
Fonte: Cinco Días / El País