Desemprego cai em 74 mil pessoas e pela primeira vez desde 2008 número de desempregados fica abaixo de 2,8 milhões neste período do ano.
A robustez do mercado de trabalho segue apresentando números recordes mês a mês. Em abril, o desemprego caiu em 74 mil pessoas, o que reduziu o número total de desempregados para 2.788.370. Este é o menor recorde registrado para este mês desde 2008. No entanto, a geração de vagas superou todas as expectativas: 240 mil novas vagas, que colocaram a média de inscritos na Previdência Social em 20.614.989, a maior marca desde que há registros.
Segundo os relatórios apresentados nesta quinta-feira pelos ministérios do Trabalho e da Previdência Social, os dados de abril não têm comparação estatística com o passado mais próximo. Pela primeira vez em 15 anos, o número de desempregados ficou abaixo da barreira de 2,8 milhões de pessoas. Algo que não acontecia desde antes da eclosão da crise financeira em 2008. As mulheres foram as protagonistas do corte (-38.756), a ponto de atingir o mínimo para esse grupo nos últimos quinze anos (1.679.567). “Tanto o aspecto quantitativo quanto o qualitativo nos colocam em um cenário de emprego sólido, fortemente ancorado na estabilidade advinda da reforma trabalhista”, diz o Documento de Trabalho.
A resistência do mercado de trabalho aos desafios externos continua a merecer estudo. Nem a inflação, nem a guerra na Ucrânia, nem o aumento das taxas de juros parecem afetar o crescimento insuspeitado do emprego. A verdade é que o mês de abril é tradicionalmente um período favorável para o emprego. A sazonalidade marcada pelo feriado da Páscoa —que este ano ocorreu no início do mês— vem impulsionando os números do período. Ainda assim, a comparação com a situação no mesmo mês de 2022 é igualmente favorável: contabilizam-se menos 234.133 desempregados (-7,75%).
O número de pessoas sem trabalho caiu em abril em todos os setores e em todos os territórios. Especialmente significativa foi a mordida no setor de serviços, com 52.216 desempregados a menos (o mais beneficiado pela sazonalidade); seguido do ocorrido na indústria (-5.391); o do setor agrícola (-4.296) e o da construção (-7.973). Por comunidades autónomas, as quedas mais pronunciadas ocorreram na Andaluzia (-20.551 pessoas), Catalunha (-9.506) e Castilla-La Mancha (-6.645).
A hotelaria absorveu significativamente a criação de novos postos de trabalho (119.618), seguida do comércio (18.713). No entanto, todas as atividades aumentaram seu volume ocupacional, com exceção da educação (-1.083). “O crescimento do emprego em relação ao nível anterior à pandemia é notável em setores de alto valor agregado, como tecnologia da informação e telecomunicações, cujo número de filiados cresceu 21,6% em relação aos registrados antes da pandemia; ou atividades profissionais, científicas e técnicas, que apresentam um crescimento de 12,8%”, indica o documento da Previdência Social. “Desde o fim da pandemia, um em cada quatro novos filiados ingressou nesses setores altamente produtivos”, acrescenta.
O desemprego dos jovens com menos de 25 anos também caiu em abril em 19.848 pessoas, o que representa uma taxa de redução superior à taxa geral (-9,23% e -2,6%, respetivamente). Com esse corte, fica estabelecido um novo mínimo para esse grupo de 195.251 pessoas.
Apesar de a taxa de contratação ter diminuído em relação ao mês de março —1.157.316 contratos foram assinados em abril, 157.779 a menos—, o percentual dos efetivos (530.537) foi semelhante ao dos meses anteriores (45,84%). Paralelamente, em termos acumulados, nos primeiros quatro meses do ano registaram-se 2.588.245 contratos temporários, o que representa um decréscimo de 1.806.242 (-41,10%) face a igual período de 2022.
A duração das relações trabalhistas no primeiro quadrimestre do ano também melhorou em relação ao ocorrido no mesmo período de 2019 (o último não afetado pela covid): a média de permanência é 62 dias a mais hoje do que naquela época .
Dias antes da divulgação desses dados, tanto José Luis Escrivá, ministro da Previdência Social, quanto Nadia Calviño, vice-presidente econômica, haviam alertado que os dados de abril seriam especialmente bons. O aumento da média de filiação no mês passado foi de 238.437 contribuintes, o maior dado para um mês de abril e o segundo maior em qualquer época do ano em toda a série histórica (o recorde ocorreu em julho de 2005). “Dezesseis meses após a entrada em vigor da reforma trabalhista, continuam a ser evidentes os seus efeitos positivos na estabilização do emprego e na melhoria da sua qualidade”, refere o documento elaborado pelo departamento de Escrivá.
Focalizando os dados de fevereiro de 2020, último mês antes da eclosão do coronavírus, hoje são mais 1.364.761 contribuintes da Previdência Social do que naquela época. Eles também são 595.908 afiliados há mais de um ano, o que representa um crescimento interanual próximo a 3%.
(Fonte: El País)