O BBVA prevê que até o final de 2021 os gastos das famílias ainda ficarão cerca de 5% abaixo do que existiam no final de 2019. Este ano, o consumo cairá 14% em relação a 2019, devido às restrições sanitárias e ao aumento da incerteza econômica com a pandemia do novo coronavírus, de acordo com o último relatório ‘Situação do Consumo’ do BBVA Research com projeções para o segundo semestre de 2020.
Os pesquisadores arriscam dizer que os gastos aumentarão 7% em 2021, favorecidos pela expectativa de recuperação do poder de compra das famílias e pela absorção de parte da demanda represada em 2020. A recuperação, portanto, será incompleta segundo o relatório que prevê que até o final de 2021 os gastos das famílias ainda ficarão cerca de 5% abaixo do que existia no final de 2019.
Quanto ao ano de 2020, são dois os principais motivos que explicam, na opinião do BBVA, a queda acentuada do consumo. O primeiro é a deterioração dos rendimentos e da riqueza das famílias apesar da implementação de políticas de apoio ao rendimento, como a Erte ou o benefício por cessação de atividade dos trabalhadores por conta própria.
A segunda causa da redução nos gastos das famílias é a recuperação da poupança. As restrições adotadas para enfrentar a crise da saúde e o aumento das incertezas, que se manifestam no agravamento das expectativas das famílias quanto à situação econômica, aumentam a poupança e minam o consumo. A parcela da renda que as famílias economizam ultrapassou os 22% no segundo trimestre, um número sem precedentes. Na média do ano, a taxa de poupança chegará a 15%, mais que o dobro de 2019.
A diferencia da crise atual para a anterior (2008-2021), é que a redução dos gastos com serviços acompanhou a dos bens duráveis, o que agravou o consumo. Assim, as compras de bens duráveis caíram em apenas dois trimestres praticamente o mesmo do que na Grande Recessão.