O que está acontecendo com os imóveis nos dias de hoje causa espanto e euforia. Quem não se apressa fica sem casa, seja para comprar ou alugar. Se nas últimas semanas você tentou comprar ou alugar uma casa, já sabe do que se tratam essas linhas. Os imóveis estão transbordando de clientes e preços, a ponto de em algumas cidades serem atingidos níveis não vistos desde a bolha. E, o que é pior: os preços vão continuar subindo no curto prazo.
O aluguel tira o fôlego novamente. Após 13 meses de quedas consecutivas , no primeiro trimestre do ano as rendas aumentaram 0,8% em termos homólogos, de acordo com o portal imobiliario Fotocasa. E já “estamos a 1% de atingir os níveis máximos de 2007”, diz María Matos, diretora de estudos do portal imobiliário. Madrid, por exemplo, está a 1,10 euros de voltar a bater o recorde. A especialista antecipa que os dados de maio, que serão divulgados em breve, já refletem níveis nunca antes vistos.
Apesar destes rendimentos descontrolados, reina um lema: o primeiro que chega, fica com ele. María, 44 anos, alugou seu apartamento em Madrid há um mês e não foi nada fácil. “Descobri que o mercado estava se movendo muito rápido e alguns apartamentos explodiram em questão de horas ou alguns dias. As pessoas iam às visitas com os três últimos contracheques em mãos”. Você tem que tomar uma decisão antes de sair pela porta. “Você não tem espaço para pensar sobre isso”, acrescenta. Falta oferta para tanta demanda, desequilíbrio que as empresas do setor atribuem às medidas protecionistas do Governo, como o limite de 2% para atualização de aluguéis, agora prorrogado por mais três meses.
A venda de casas não fica aquém. Quem pode comprar está comprando, e que os preços, no caso dos imóveis usados, estão aos níveis de 2010, segundo o INE. Apesar das tentativas do Governo de incentivar o arrendamento, por enquanto a Espanha reafirma suas raízes: é um país de proprietários. Só em março foram vendidas 59.272 casas, 25,6% a mais que no mesmo mês do ano anterior. É o melhor março desde a bolha.
No mercado de segunda mão, “está ocorrendo um efeito de contágio, aquele que ocorre quando lhe dizem que falta a última bicicleta”, explica Jesús Duque, vice-presidente da Imobiliária Alfa. Também aqui aumenta o desequilíbrio entre a oferta e a procura, e isso faz subir os preços, uma mancha de petróleo que se alastra: Madrid, Catalunha, País Vasco, Andaluzia, Comunidade Valenciana…
“É uma loucura! Tem gente que no dia da visita faz a reserva, a transferência imediata ou o depósito é assinado. Até compram casas sem visitar antes.”, explica Maria Matos. A diretora percebe que essas situações nem ocorriam nos tempos da bolha, onde havia muito mais oferta, principalmente as novas.
Mas até quando os preços vão subir? Até que os juros colidam com os indicadores de esforço e quebrem o ciclo de alta. No momento, esse esforço é de 33,4%, segundo o Banco da Espanha, porque os juros ainda são baixos e o emprego está crescendo. Atualmente, os especialistas consultados não falam de bolha, mas de superaquecimento. Existe um efeito psicológico de medo de perder a casa que você quer comprar, o que se poderia chamar de “superaquecimento antecipado”.